terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Crônicas cariocas - Deus e João

Seu Jão era uma pessoa simples, nasceu em Magé e cresceu no Rio, mas se achava possuidor de uma sabedoria inata, costumaz de pessoas vividas. Era também original, ignorava a televisão, rádio e O Globo e dentro de sua originalidade se mantinha religioso ao extremo. Como não queria arriscar em uma decisão tão importante, mantinha em sua casa um pequeno altar que suportava algumas dezenas de ídolos como Jesus, Buddha, Vishnu e Elton John.

Após duas semanas exaustivas de trabalho, Seu Jão era o faz tudo de um prédio chic em Botafogo, tirou uma sexta feira de folga. De quando em quando se concedia certas regalias, e foi aproveitar o dia se banhando no Piscinão de Ramos. Pele reluzente agarrada a uma boa quantidade de Cenoura & Bronze, barriga molenga se debruçando sobre uma tanga azul, Seu Jão estava todo todo. Contraiu cólera. Após uma semana de febre alta, diarréia e vômitos o carioca esperto passou pro lado de lá num ensolarado domingo de páscoa. É sabido que suas últimas palavras antes de morrer foram: "Por que Iemanjá? Por que?!" Mal sabia ele que piscinão não é mar.

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