domingo, 14 de dezembro de 2008

Para o amigo sentir saudades.

-A minha faixa está bem colocada?
Foi o que perguntou, depois de questionar quem eram seus amigos.
É claro que aquilo me enojou. Mas, ele olha com cuidado a faixa do outro e ajeita, como se ele não fosse prioridade em seu dia de gala.

E é sempre curioso o passar do tempo de uma amizade. Como vai indo de pouco em pouco apesar da intensidade. Coisas que você só ouve depois de muito tempo, coisas que até parecem desabafos se fazem em uma nota de rodapé numa conversa.

Ele diz que, pelo menos, eu tinha amigos de futebol. E, em tempos de futebol de sem-paixão, eu retruco que eram amigos de conveniência. Acho que pode ter até causado inveja, porque eu podia desdenhar, ele, não.

Falou-me que a gente precisava de uma viagem de primeiros anos de faculdade, porque, para ele, amigos sempre representaram liberdade. O que se faz verdade na luz de sua face quando vê um bando de mesma coisa de sempre. Eu, que só o via rir quando estava a beber ou fazendo comédia da tristeza de entrevistas de emprego.

Tão engraçado, que no dia que todos deviam esperá-lo, era ele quem esperava. E, era ele quem mais ficava feliz. No dia da despedida de seus amigos da faculdade, ele escolheu esperar e estar do lado de outros. Um claro desperdício.

Na festa se divertiu, bebeu champagne, orgulhou seus pais, se perdeu no meio da dança, e voltou sorrindo porque o não-achar de seu par acabou levando de volta para seus amigos, quer algo mais clichê que isso?

Dançar loucamente cansa, muito mais que isso só o contato demasiado com muitas pessoas que nunca vou conhecer, e, que, mesmo assim, a maioria sempre vai me enojar.

E aí decido ir-me, e vou em direção ao galante.

Lembro-me que ele disse estar feliz com a festa de formatura, e que no dia seguinte ia estar triste. E, quando pergunto se ele também vai, ele finalmente se permite olhar pra festa. Afinal, tinha que ver o pessoal, está acabando.

Ele vira, olha pra festa, e sorri pelo canto dos olhos. Sorrisos que me questionei um dia se ainda existiam.

E é por isso que eu acho que a crise não é financeira, mas é mundial.

E é por caras como esse que eu acho que a decoração é feita em outubro.

E é por momentos como esse que eu acho que o mundo ainda tem jeito.

O maior desperdício que eu conheci.

=]

4 comentários:

a trupe disse...

ok.
eu sei que exagerei,
mas era pro amigo sentir saudadezinha haha

Noelman disse...

porra Michael... você é foda!

sei que vai parecer piegas, mas eu me emocionei com esse texto... de verdade. valeu, cara!

o consolo de estar abandonando um local de longa convivência e me lançando a uma situação totalmente incerta é a certeza de que os amigos de verdade continuam por perto. porque eles continuaram da última vez que isso aconteceu.

Anônimo disse...

Sabe... eu realmente não sei se vale ficar mais 6 anos aqui. Eu sei que eu nunca mais vou fazer amigos como a gente. Acho que isso vale mais do que um prêmio Nobel. Até daqui a 8 meses.

Unknown disse...

Amigo!!
Não se preocupe mesmo que precise de mais 6 aninhos ainda estaremos aqui... Mas tem que nos visitar pelo m enos uma vez por ano!
E quando você ganhar o prêmio Nobel tem que fazer uma festa para nós com lagostas dançantes, muitos chápeus e bigodes.