Arnaldo encontrou a iluminação no fundo do terceiro copo de cachaça. Através do vidro, via os rostos deformados dos amigos vibrando de alegria. Estavam todos iluminados. Aquela era uma mesa abençoada e, sem dúvida, seria uma noite de muitos aprendizados. E não era para menos, poucas vezes se vira na Terra tantos sábios reunidos, jubilando e regozijando a própria sapiência.
Na manhã seguinte, Arnaldo passou a entender o que os sábios queriam dizer com “a verdade dói”. E assim como eles, passou a invejar a alegria dos ignorantes. Realmente, toda aquela sabedoria era muito dolorida. A pontada na cabeça não lhe deixava mentir e, antes que pudesse lastimar sua condição, se sentiu impelido por uma pressão interior a se despojar de toda aquela bênção, na forma de um jato amargo e mal-cheiroso.
Esperava o quê? Provar do fruto proibido por míseros treze reais e vinte centavos (um e vinte eram da cobra) e não ser expulso do Paraíso? Não essa semana!
- Noelman
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